quarta-feira, 12 de agosto de 2009


Até quem pára pra pensar só um pouquinho, assim, de vez em quando, só por diversão, percebe que este país causa espanto desde as épocas da colonização.Por isso, as notícias de hoje já não surpreendem mais velhos historiadores.Muito menos tiram meu bom humor, e tão pouco o humor de Arnaldo Jabour na Globo, satirizando a defesa de Collor sobre Sarney no senado.Bom, o motivo da sátira é desnecessária, pois só seus personagens já são motivo de risada certa.Rimos sim, pois é preferível ouvir ironias comparando o presente com o passado ao termos que admitir que temos a terrivel impressão de regredir ao invés de evoluir...As vezes até dá vontade de gritar:"Ai nação!Você tá na direção errada!"Mas gritar dá trabalho e força a voz...por isso, é mais facil rir mesmo.Como diz a musica, o país do suíngue é o país da contradição...Ou seria da contra-mão?!

terça-feira, 11 de agosto de 2009


À Yanna Carla, que é princesa por mérito próprio...Não filha de rei, mas que faz o pai se sentir como um monarca.Este "O Principe" eu tive o prazer de lhe oferecer, já que não posso dar-lhe tudo que desejo.

Um beijão do pai que te adora.


Ribeirão Preto, 09 de Novembro de 2007






- A ele -

Me entorpecia de alegria saber que ele viria aquele fim-de-semana.O telefone quase não encontrava o gancho depois de ter que ouvir tantas frases de amor e, como eu, ficar suado por meio da mão que o segurava próximo ao ouvido.Assim como as cartas, os bilhetes na porta da geladeira, o telefone era mais uma testemunha do meu primeiro amor.

Coloquei as mãos no alto e fiz força até ouvir todos os ossos estralarem nas costas.Olhei no espelho e na hora, meu poeta sussurou: "As feias que me perdoem, mas beleza é fundamental!".Poeta, meu poeta camarada, quem dera realmente todos fossem iguais a você.E não hipócritas com seu discurso da "imposição da beleza".E tambem, quem disse que beleza é uma só, não é mesmo?São diversas!Mas daí a dizer que o feio é atraente aos olhos, exorbita!

Ele não, ele sim era fundamental.Garoava na noite em que o conheci.As ruas do centro da capital, estranhamente desertas, antigas, cinzas e concretuais, fincadas entre a feia e clássica definição de uma cidade como São Paulo.A unica coisa que podia-se sentir, praticamente tocar, era o medo.Pairando no ar, pesado, ofegante.Não de putas e vagabundos!Não!Esses eram tão inocentes e faziam íntima parte daquele cenário, mais até do que qualquer prédio velho daqueles! O medo era do carro que parava parecendo pedir informações e partia sem deixar informação nenhuma.

Eu andava depressa, o casaco fechado, o cachecol e a boina caída por cima da sombrancelha esquerda, a mochila batia ritmada nas costas acompanhando o embalo dos passos refugiando Chico, Caetano, Gil, Lenin, Kafka, disfarçados por pertencerem ao novo Index.Ao chegar, o cheiro de conhaque, cigarros, boinas e barbas, se misturavam com a voz firme, argumentadora, alta e inspiradora como todo discurso deve ser, mas sempre perder a ternura jamais.E foi ali, em meio a companheiros e camaradas que eu me apaixonei...


-Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás - Che Guevara

Sentidos atentos em tua cabeça, descrição acima de qualquer suspeita

Que o teu juízo nunca prevaleça, no momento em que minha boca espreita

Sorriso que atiça, que enfeitiça quem cobiça

Sorri de um tanto que de um pranto leva ao encanto

O brilho do teu olhar é um aberto mar

Entre o meu e o teu cais quero navegar

A tristeza de te ter é o dia amanhecer e bem longe eu tiver que padecer

A alegria é sentir teu corpo todo fluir e assim em você eu me perdi

Se não ouço teu andar leve, teu tocar tão fervoroso e o teu beijar

No passeio pela a tua pele aos teus limites quero chegar

Para assim ter que partir com tristeza e alegria a renovar

Sou aprendiz de te ama-a-ar, sou aprendiz de te amar

Café. Um café forte. Tomo-o sem adoçante algum na esperança de já não haver mais sono. O negro e amargo liquido, espelho alegórico do meu ânimo, a não ser pelo calor que conduz aos meus dedos. A vida e o vigor se tornam frágeis nessa manhã de Julho, mas meu corpo parece imune ao inverno rigoroso prometido para esse ano. O cheiro característico da manhã traz um vago sentimento de alívio.
Me debruço sobre o frio metal da janela e fecho os olhos, um filme corre ágil na cabeça.Começo, meio e fim.Fim? Sim o fim. O fervor do café quase me faz esquecer o princípio da mortalidade humana. Assim como a bebida amarga aos poucos esfria, o passar dos anos a imita, e de nada adianta relutar em fazê-los voltar. Café requentado é pior do que gelado.
Olho a casa em minha volta. Falta um prato na mesa. Tremem minhas pernas, porém meus olhos nada traduzem, apenas derramam. Uma lágrima comprida salta de minha face, rígida, insensível, inatingível. Uma lágrima que inunda minha alma.
Arremesso para longe a xícara, já não faz sentido nela apoiar minha frustração, meu inconformismo. A bebida voa e cai disforme. Se espalhando pelo branco azulejo. O preto no branco. A verdade incontestável. E ela faz questão de se revelar em grande estilo, com direito a contraste e tudo.
Um desfecho amigo e silencioso. O processo natural e inevitável enfim se torna visível ao meu ser, que temia por enxergá-lo. A diáspora da vida se concretiza quando eu me percebo dentro dela...Minhas ultimas palavras? Um cinzeiro e um expresso, por favor.

Os berros das sirenes se confundem com o pesado som de passos apertados, com horários mais apertados ainda, quase sempre, previamente marcados.Passos próximos, passos rígidos, passos dados por pernas sem donos.
Observando um pouco acima do que minha estatura permite, é possível avistar um mar de pares de olhos vidrados sobre cabeças.Apenas minha mente separa a ordem da desordem.Nota-se que um outro casal de pernas investe contra a corrente natural, ou pelo menos, tenta.As pernas ligeiras e os pulsos nus.A cabeça tão cheia de compromissos que o medo da violência já é um impulso natural e não mais notado por si próprio.Apenas o pulso nu o demonstra.
O tempo, ah sim, o tempo.Ele toma conta de todos, ele os escraviza, sendo o lobo de inúmeros lobos dos homens.Para mata-lo de forma representativa, acende-se um cigarro.Um não.Vários deles.O rastro do vício que oculta outros vários vícios, mas esse ainda se mistura em colossos esfumaçados incomensuravelmente maiores.Consegue se disfarçar, sem ser tão escandalizado quanto poderia ser uma reação explosiva de cansaço e exaustão do ser humano diante tamanha loucura.
Correm-se várias vias, de várias maneiras, com diferentes personagens que acabam por compor a tão aclamada miscigenação brasileira.Uns vendem balas, outros ações.Uns vendem prazeres, outros futuros.Olho para cima e para baixo.A diferença do negro asfalto e das negras nuvens que se formam cuspidas pelos motores remetem à um tom quase que degrade ilustrativo de momentos de epifania como este.
A corrida não cessa, a dança de cores do farol nunca para, a música em forma de freadas, gritos, buchichos ao celular, a respiração ofegante dos fumantes, também não cessa.Os passos ainda ditam o ritmo, representando sinais vitais.Sentir sono? Cansaço aqui não se faz bem vindo.E dentro do patrão tempo, eu não me canso de fugir para visita-la e sentir sua confusa e endeusada beleza aos meus olhos e de seus participantes: terra da garoa, não me canso de você.

-Especialmente para Biaum e Biá, que assim como eu, enxergam beleza através do concreto e não a trocam por mais nada.-
Foi empirismo puro, foi pura força dos sentidos

Foi a expressão máxima do inusitado e do impulsivo

Impensável, irresponsável, induzido pelo ímpeto do desejo

Foi ilegal, ilícito, inexperiência burra frente à moral e ao respeito

Foi inocência, irmandade, inimaginável e inesperado

Indecisão decidida pelo instinto de te instigar

Imposta pela ilusão do inigualável gosto da bebida

Não foi insulto ou insubordinação

Foi apenas o interesse em experimentar

Foi imputável, passível até mesmo de se indagar:

Se era assim tão impossível, por que então não parar?
Já não havia tempo de impedir, inexistir ou intolerar
Foi inatingível, intocável, inalterável
E inafiançável a inconseqüência do dia seguinte não poder
Irrelevar que foi inegavelmente inesquecível o inadequado e incrível ato de te
beijar
-Pra ele, no dia em que tudo mudou.