quinta-feira, 2 de junho de 2011



Diáspora, do grego diasporá, de verbo original diaspeiró.Passar através de todos os lados, dispersar.A saída do ponto de origem, dada por perseguições políticas, étnicas, motivos históricos, ou as vezes, simplesmente pessoais, regidas pelo destino, ou no caso de muitos, uma escolha.

O movimento que se espalhou ao longo dos anos, é observado todos os dias pelo mundo, criando nações e culturas de núcleos de pessoas.Em todo canto que se encontre um ente humano munido de dúvidas e receios, carências e soluções, conflitos e descobertas.Os caminhos, sempre tortuosos já não levam a lugares certos: o frio, a saudade, o choro incontido, ameaçam ser rigorosos. Mesmo assim, o povo se dispersa sem saber onde seus passos os levam.

Nas diásporas sazonais e imperceptíveis aos olhos nus, pais e filhos são colocados em um mesmo ringue, na mesma peça, no mesmo palco. Os pais preparam o caminho, terceiros ameaçam poda-lo, outros, o fizeram há tempos e agora vivem a espreita de um breve retorno em seus primogênitos.

Ódio, ciúmes, preces mal feitas, promessas sem destino exato, heranças sempre guiadas no restante da estrada.Mas sempre contando com os tão esperados atalhos que nos trazem experiências inesquecíveis, o início do juízo próprio, o entendimento do mundo longe de casa, que em conjunto, nos remetem a um aprendizado eterno quase que indescritível ao tentarmos repassa-lo as pessoas que não tiveram a oportunidade de vivenciarem-no.

Aos personagens dessa viagem, a pergunta é recorrente. A esperança, a vaidade, as crenças, os medos, a inocência, mas principalmente a vontade de vencer: onde estão?

Junto as promessas de mundo e dias melhores, as histórias de perdas e derrotas não devem ser carregadas na bagaem, e sim as de vitória, para que aí sim, toda essa dissipação de sentimentos representada por VOCÊS tenha, enfim, valido a pena.

terça-feira, 19 de abril de 2011

No momento em que meus olhos deixaram de captar o significado de tudo a minha volta, abateu-se em mim um desconfortante desinteresse pelas pessoas do meu convívio.Decidi então começar ali a rever o que se passa na minha história ao longo desses anos, para ver se chegaria à um parecer um pouco mais palpável sobre a sociedade em que vivemos.Cansada de tomar estes da mão de grandes mestres da literatura, resolvi entender mais de mim mesma do que analisá-los incansavelmente a procura de respostas.
Respostas...Não, não são elas que pretendo dar aqui a você, quem sou eu para lhe tirar o prazer de uma das melhores sensações já criadas pelo nosso modo de agir e de pensar racionalmente: a procura, a curiosidade, a mãe de todas as invenções, a indignação com o desconhecido, a sede pelo saber. Isso caro amigo, é um direito seu, ainda mais se tratando de uma auto descoberta.Como posso analisá-lo se não sou você?! Não, isso nem Freud explica, e olha que ele era craque nisso.Machado que me desculpe, mas nem o seu realismo me faz, hoje, enxergar o real que me cerca.Quem sabe mais pra frente.
Portanto, antes de querer conhecer o próximo, comece conhecendo a si mesmo.Lhe garanto que a partir dessa nova experiencia, ficará bem mais fácil observar aquele ao seu lado.Mas, o aviso é claro, não se iluda ao achar que com o tempo seu diagnóstico fica cada vez mais preciso, pois se há algo pro qual nós já temos a resposta é: sim, o ser humano é imprevisível.

sábado, 13 de março de 2010


A coisa já estava difícil demais para imaginar o segundo que se seguiria quando alguém muito próximo partisse.
A vida estava difícil, mundo novo, escola nova, desafio novo.
O "viver" em si não é fácil, mas se torna valiosíssimo quando o sentimos escapar de nossas mãos, mesmo se essa sensação é passada através de outro indivíduo.
Por mais que estivesse em estilhaços por sua partida, mantive-me simples, séria, forte, inabalável.Combati o bom combate.Disse a minha mãe que da vida jamais poderíamos esperar algo de mais.A diferença é que esse meu discurso de despedida vinha com um tom de conformidade.De que nada há que se fazer: somente lutar contra a dor.Sem questionamentos.Sem margem para questionamentos bestas.
E para chegar a isso, tive que ver minha mãe, que seria capaz de derrubar um touro para que no meu irmão nenhum arranhão fosse tentado, sofrer a dor de enterrar seu terceiro filho.Inconformada com o que a vida dá, traz e nos leva.
Nesse dia eu morri, morri por alguns bons dias.Minha conformidade me matou.Os pensamentos antes tidos como bestas, vieram.Quantos litros eu derramaria para poder ter mais uma conversa com ele? Nem se fôssemos brigas como sempre e depois entrar em acordo apertando as mãos? Mão essa que se mantem tão longe agora.E que me deixou com um nó ainda maior na garganta, por que não houve tempo para pedir desculpas, para admitir que eu realmente gostava dele.
Nos desencontramos, meu irmão.E não sabemos se iremos nos encontrar novamente.Chorando ou não, é preciso levar em conta as probabilidades.Mas a saudade ainda hoje me assusta, me corrói por minutos, quando abro esse mesmo leque de possibilidades e encontro lacunas preenchidas por esperanças, dúvidas e incertezas.
E hoje, após quase um ano de sua partida, saio da passividade do conformismo e venho dizer que nessa vida severina somos todos severinos.E que cada momento vivido foi uma alegria, mesmo que essas lembranças só venham a tona quando do ópio tomamos gosto, tudo teve um destino certo, uma hora certa, uma razão e uma paixão.Pois ser irmão não é apenas existir, e sim, transbordar em compartilhar, lutar junto, unir-se e principalmente em sentir falta um do outro e continuar amando-o sempre.O quão longe estiver e o quão longo for o tempo de voltar a vê-lo.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009


Até quem pára pra pensar só um pouquinho, assim, de vez em quando, só por diversão, percebe que este país causa espanto desde as épocas da colonização.Por isso, as notícias de hoje já não surpreendem mais velhos historiadores.Muito menos tiram meu bom humor, e tão pouco o humor de Arnaldo Jabour na Globo, satirizando a defesa de Collor sobre Sarney no senado.Bom, o motivo da sátira é desnecessária, pois só seus personagens já são motivo de risada certa.Rimos sim, pois é preferível ouvir ironias comparando o presente com o passado ao termos que admitir que temos a terrivel impressão de regredir ao invés de evoluir...As vezes até dá vontade de gritar:"Ai nação!Você tá na direção errada!"Mas gritar dá trabalho e força a voz...por isso, é mais facil rir mesmo.Como diz a musica, o país do suíngue é o país da contradição...Ou seria da contra-mão?!

terça-feira, 11 de agosto de 2009


À Yanna Carla, que é princesa por mérito próprio...Não filha de rei, mas que faz o pai se sentir como um monarca.Este "O Principe" eu tive o prazer de lhe oferecer, já que não posso dar-lhe tudo que desejo.

Um beijão do pai que te adora.


Ribeirão Preto, 09 de Novembro de 2007






- A ele -

Me entorpecia de alegria saber que ele viria aquele fim-de-semana.O telefone quase não encontrava o gancho depois de ter que ouvir tantas frases de amor e, como eu, ficar suado por meio da mão que o segurava próximo ao ouvido.Assim como as cartas, os bilhetes na porta da geladeira, o telefone era mais uma testemunha do meu primeiro amor.

Coloquei as mãos no alto e fiz força até ouvir todos os ossos estralarem nas costas.Olhei no espelho e na hora, meu poeta sussurou: "As feias que me perdoem, mas beleza é fundamental!".Poeta, meu poeta camarada, quem dera realmente todos fossem iguais a você.E não hipócritas com seu discurso da "imposição da beleza".E tambem, quem disse que beleza é uma só, não é mesmo?São diversas!Mas daí a dizer que o feio é atraente aos olhos, exorbita!

Ele não, ele sim era fundamental.Garoava na noite em que o conheci.As ruas do centro da capital, estranhamente desertas, antigas, cinzas e concretuais, fincadas entre a feia e clássica definição de uma cidade como São Paulo.A unica coisa que podia-se sentir, praticamente tocar, era o medo.Pairando no ar, pesado, ofegante.Não de putas e vagabundos!Não!Esses eram tão inocentes e faziam íntima parte daquele cenário, mais até do que qualquer prédio velho daqueles! O medo era do carro que parava parecendo pedir informações e partia sem deixar informação nenhuma.

Eu andava depressa, o casaco fechado, o cachecol e a boina caída por cima da sombrancelha esquerda, a mochila batia ritmada nas costas acompanhando o embalo dos passos refugiando Chico, Caetano, Gil, Lenin, Kafka, disfarçados por pertencerem ao novo Index.Ao chegar, o cheiro de conhaque, cigarros, boinas e barbas, se misturavam com a voz firme, argumentadora, alta e inspiradora como todo discurso deve ser, mas sempre perder a ternura jamais.E foi ali, em meio a companheiros e camaradas que eu me apaixonei...


-Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás - Che Guevara

Sentidos atentos em tua cabeça, descrição acima de qualquer suspeita

Que o teu juízo nunca prevaleça, no momento em que minha boca espreita

Sorriso que atiça, que enfeitiça quem cobiça

Sorri de um tanto que de um pranto leva ao encanto

O brilho do teu olhar é um aberto mar

Entre o meu e o teu cais quero navegar

A tristeza de te ter é o dia amanhecer e bem longe eu tiver que padecer

A alegria é sentir teu corpo todo fluir e assim em você eu me perdi

Se não ouço teu andar leve, teu tocar tão fervoroso e o teu beijar

No passeio pela a tua pele aos teus limites quero chegar

Para assim ter que partir com tristeza e alegria a renovar

Sou aprendiz de te ama-a-ar, sou aprendiz de te amar